Povo Guarani-kaiowá recebe apoio durante Conferência Estadual dos Povos Indígenas de Rondônia

Conferência foi aberta na quarta-feira, em Porto Velho

A Conferência Estadual dos Povos Indígenas de Rondônia, aberta nessa quarta-feira (7), aprovou Carta de Solidariedade ao Povo Indígena Guarani-kaiowá, de Mato Grosso do Sul, vítima de sucessivos casos de violência, desumanização e desrespeito à legislação brasileira. A conferência compartilhou aproximadamente 400 propostas com os delegados da maioria das aldeias do Estado de Rondônia. Decisões plenárias serão tomadas até esta sexta-feira (9), no Aquarius Selva Hotel, em Porto Velho.

Documento a ser aprovado neste período referendará decisões para a Conferência Nacional de Política Indigenista, notadamente a demarcação de terras, organização cooperativista para a comercialização de castanha, saúde indígena, combate ao desmatamento e roubo de madeira e de outros recursos naturais.

“Vivemos um importante encontro, depois de nove anos da primeira conferência. Não dá para esperar que façam políticas por nós. Somos passageiros, mas novas gerações dependem do que fizermos agora”, disse o coordenador dos Povos Indígenas de Rondônia na Secretaria Estadual de Desenvolvimento Ambiental (Sedam), Helinton Gavião.

O titular da Sedam, Vilson Salles Machado compareceu à abertura da programação, juntamente com os procuradores do Ministério Público Federal, Reginaldo Trindade (Porto Velho); Henrique Fekber Heck (Ji-Paraná); e Daniel Luís Dalberto (Guajará-Mirim).

Conferência reuniu diversas lideranças

Falando em sua língua e traduzindo em seguida, o vereador Arão Orowaran Xijein (PTB), de Guajará-Mirim, anteviu a necessidade de os povos indígenas de Rondônia ampliarem a participação política nas eleições municipais de 2016.

“Precisamos nos manifestar a respeito deste assunto. Quem defende a nossa vida são os políticos”, disse Arão.

Segundo ele, existem oito mil índios eleitores no estado e apenas três vereadores. Em assembleia realizada em 2013, na cidade de Humaitá (AM), líderes indígenas de Rondônia e do Sudoeste amazonense reiteraram o resgate da presença indígena no parlamento brasileiro.

“Até que ponto o governo brasileiro está cumprindo a Constituição que deve nos garantir direitos originais?”, indagou Helinton Gavião.

“Estou feliz por vê-los unidos numa causa”, disse Nara Baré, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e integrante da Conferência Nacional.

“Antes da Constituinte (1988), lutávamos por direitos, hoje precisamos garantir esses direitos, e é o que realmente queremos”, apelou, lembrando que a Amazônia teve as primeiras terras indígenas demarcadas, mas ainda enfrenta desafios para completar esse objetivo.

A Conferência Nacional convocada por decreto em 2014 tem por objetivo avaliar ações do Estado Brasileiro, reafirmando garantias reconhecidas e propondo diretrizes para a consolidação da política nacional indigenista.