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18/04/2024

MEIO AMBIENTE

Antigo Banco de Sementes de Ariquemes será transformado em Viveiro Educador

20 de janeiro de 2016 | Governo do Estado de Rondônia

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Fapero e Sedam projetam recuperação do banco de sementes em Ariquemes

Abandonado desde 2009 em Ariquemes, a 200 quilômetros de Porto Velho, o Banco de Sementes e Essências Florestais de Rondônia não condiz com a boa imagem científica amazônica, e será transformado em Viveiro Educador. O anúncio foi feito nessa terça-feira (19) pelo presidente da Fundação de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas e Tecnológicas e à Pesquisa do Estado de Rondônia (Fapero), Francisco Elder Souza de Oliveira.

A Fapero começou a elaborar, em parceria com a Secretaria Estadual do Desenvolvimento Ambiental (Sedam), o pré-projeto para recuperação do banco. A execução ficará a cargo da organização não-governamental Rio Terra.

Atualmente, para distribuir mudas de açaí e de abacaxi, o governo tem que buscá-las nos estados do Pará e do Acre. Cem mil pés de abacaxis da variedade pérola, plantados na Fazenda Futuro (do sistema prisional do estado) deverão se multiplicar dentro de dois anos, com a supervisão de técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Rondônia (Emater-RO). Ali existe um plantio de bananas livre de doenças, com mudas trazidas do distrito de União Bandeirantes (a 160 quilômetros da Capital).

Paralelamente à necessidade de ampliar conhecimentos florestais na rede escolar, a disponibilidade de mudas frutíferas entrou na pauta prioritária ambiental do estado.

“Ainda neste semestre, a educação estadual e o meio ambiente passarão a dispor do Viveiro Educador, que não apenas distribuirá mudas, mas fomentará o aprendizado da botânica nesta parte da Amazônia”, comentou Oliveira.

A Fapero e a Sedam se unirão à Secretaria Estadual de Educação (Seduc) e às universidades para transportar até o Viveiro Educador grupos de alunos e acadêmicos dispostos a estudar os diversos tipos de vegetais.

Esse viveiro significa a oportunidade de a população estadual, quase 40 anos depois do início do ciclo migratório que lhe dá hoje 1,7 milhão de habitantes, conhecer o seu passado e presente florestais. “Mesmo raras no cenário, árvores gigantes correm o risco de passar à história geoecológica de Rondônia sem que as novas gerações as apreciem”, alertou Oliveira.

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Samaúma, “mãe das árvores”

Ele lembrou, por exemplo, a mafumeira (Ceiba Pentandra Gaertn), com mais de três metros de diâmetro, nativa do México, América Central e Caraíbas; e Norte da América do Sul, de tronco volumoso que cresce entre 60 a 70 metros de altura.

Sagrada para o antigo povo maia, cantada em sessões da religião espírita União do Vegetal, a samaúma falada por caboclos na Amazônia é uma das maiores árvores do mundo, também conhecida por “mãe das árvores”, “árvore da vida”, escada do céu, sapopemba, algodoeiro ou barriguda.

A palavra samaúma é usada para descrever a fibra obtida dos seus frutos. Em determinados períodos do ano, elas estrondam, irrigando a área em seu entorno e os vegetais que a circundam.

“Vejo que a antiga cobertura florestal de Ariquemes tinha muitas samaúmas, assim como a castanheira (Bertholletia excelsa) e o mogno (Swietenia macrophylla) eram abundantes no interior rondoniense e no noroeste mato-grossense, porém, preocupa-me o fato de as crianças rondonienses desconhecerem nossas espécies nativas, sabendo mais a respeito do plantio de pinheiros (Pinus elliotti), eucaliptos (Eucalyptus) e, possivelmente, de outras árvores comuns em estados do Sul e Sudeste”, opinou Oliveira.

RESGATE

Geladeiras desligadas, produção abaixo da média, viveiros carentes de recuperação e ausência de projetos chamaram a atenção do governo estadual.

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Copaíba produz óleo cicatrizante para o Brasil

O antigo banco de sementes inaugurado em 1997 sobrevive atualmente do mutirão de funcionários. Em 2009 houve tentativa para reerguê-lo, o que poderá ocorrer em 2016.

Segundo Oliveira, depois de visitar o centro de estudos da ONG Rio Terra, em Itapuã do Oeste (a 94 quilômetros de Porto Velho), o governador encarregou a Fapero e a Sedam de elaborar o pré-projeto.

O Viveiro Educador também servirá de base para a instalação da futura biofábrica com viveiros, laboratório e equipamentos, idealizada pelo governo do estado para fortalecer parcerias com pequenas, médias e grandes empresas.

“O laboratório será um multiplicador que vai acelerar a produção de sementes, mudas de abacaxi, banana, cacau, café, e de essências madeireiras de interesse do Projeto Floresta Plantada”, previu Oliveira.

O tripé do Viveiro Educador será: produção de mudas, pesquisa e educação ambiental.

MULATEIRO, COPAÍBA, ANDIROBA, BREUZINHO

Fapero, Sedam e Rio Terra, o trio responsável por essa transformação em Ariquemes, assumem, assim, o compromisso da conservação ambiental na região. Oliveira acredita, inclusive, que o êxito da experiência servirá de modelo para outras regiões do estado, notadamente o Sul e o Oeste, ambos ocupados pela atividade pecuária que já resultou em diversas áreas desmatadas.

No pré-projeto constam a identificação de áreas com sementes disponíveis, coleta, armazenamento e beneficiamento.

Segundo Oliveira, atualmente ainda é possível colher mudas, embora não se tenha com exatidão um estudo indicador da reprodução e do tempo de duração de espécies nativas sobreviventes dos períodos de atividades de empresas mineradoras e do assentamento de famílias pelo Incra, quando tratores, máquinas gigantes e mãos humanas destruíram espécies nativas do século passado, entre as quais o mulateiro, breuzinho, copaíba, andiroba e outras.

Da casca do mulateiro é feito um chá usado no combate a manchas na pele, rugas e envelhecimento facial. Conta a lenda que as guerreiras amazonas se banhavam, em noites de lua cheia, com um preparo da casca dessa árvore para se manterem sempre jovens e belas. Dessa forma, o mulateiro ficou conhecido entre as populações ribeirinhas como “árvore da juventude”.

Da copaíba (Copaifera ou cupayba) extrai-se óleo com diversas aplicações medicinais. Estima-se que a cada ano mais de 120 mil litros saiam de Rondônia para outros estados brasileiros.  Ela é cicatrizante, antileucorreica e antitetânica. É também conhecida na Amazônia e em estados do Sul e Sudeste por bálsamo do Brasil, pau-d’óleo e copaibeira.

Nos arquivos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, consta que o padre José de Anchieta, ao celebrar a primeira missa no Brasil, utilizou a resina do breuzinho em seu ritual, denominando-a mirra brasileira.

Conhecida de indígenas e ribeirinhos, a resina aromática do poderoso breuzinho é rica em tritepenos alpha e beta-amyrina, ambas com propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e gastro-protetoras, cientificamente comprovadas em pesquisas feitas pelo Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Universidade Federal do Ceará (UFCE) e pelo Departamento de Química da Universidade Federal de Rondônia (Unir).

A resina do breu-branco é usada como anti-inflamatório, cicatrizante, analgésico, estimulante, em obstruções de vias respiratórias, asma, bronquite, tosse, dor de cabeça, dor de estômago, problemas de memória, e auxilia na coordenação motora e na calma para pessoas agitadas. Também é usada como incenso em igrejas e na calefação de barcos.

Para Oliveira, o estudo fisiológico das plantas rondonienses por crianças e jovens é imprescindível. “Eles precisam conhecer o quanto antes as espécies nativas, sua resistência, indicação para o tratamento de doenças e, ao mesmo tempo, garantir ar puro e a venda do carbono florestal”.


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Fonte
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Arquivo Fapero
Secom - Governo de Rondônia

Categorias
Agricultura, Agropecuária, Água, Assistência Social, Capacitação, Convênios, Cultura, Distritos, Ecologia, Economia, Educação, Empresas, Governo, Habitação, Inclusão Social, Infraestrutura, Meio Ambiente, Rondônia, Saúde, Serviço, Servidores, Sociedade, Solidariedade, Tecnologia, Transporte, Turismo


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