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29/03/2024

SAÚDE DO TRABALHADOR

Centro de Referência mapeia acidentes de trabalho com servidores nos 52 municípios de Rondônia

09 de junho de 2015 | Governo do Estado de Rondônia

exame medico  (1)

Uma simples aferição da pressão arterial pode prevenir desenvolvimento de doenças

 

A maior parte dos funcionários de unidades de saúde dos 52 municípios rondonienses já sofreu acidentes de trabalho com material perfurante ou cortante, segundo o mapeamento feito pelo Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), referente ao biênio 2014/2015, com fechamento parcial de dados. Em alguns casos, o risco de infecção supera 30%.

Resultados informados no último dia 3 pela equipe responsável apontam as vítimas: fisioterapeutas 83%, auxiliares de serviços gerais 67%, técnicos de enfermagem 64%, técnicos de laboratório 58%, auxiliares de limpeza 57%, auxiliares de enfermagem 50%, estagiários de medicina 45%, enfermeiras 55%, médicos 38% e farmacêuticos 25%.

Objetos que ocasionaram acidentes: agulhas, escalpes, estiletes, lâminas, tesouras, fios, T vácuos, lancetas, bisturis, ampolas, brocas e material biológico. Consequências: os vírus mais relatados nesses acidentes são os da imunodeficiência humana (HIV), hepatite B (HBV) e da hepatite C (HCV). O risco médio de se adquirir HIV é de aproximadamente 0,3% após acidente perfurocortante, e de 0,095 após exposição de mucosa. Quanto à hepatite B, o risco de infecção pode ser superior a 30% depois do acidente. A hepatite C, de 1,8% após exposição.

Nenhum técnico em serviços de saúde, técnico em laboratório e farmacêutico comunicou acidentes. O certo é fazê-lo imediatamente, pois assim passará por avaliação e receberá orientações. Apenas os fisioterapeutas, enfermeiros, técnicos de enfermagem e estagiários de medicina.

O Cerest atua justamente na notificação de riscos e doenças entre trabalhadores do serviço público, de empresas privadas, autônomos e informais. Os documentos são encaminhados pelo Ministério da Saúde à Vigilância Epidemiológica nos municípios. Destacam-se entre os riscos: físicos, químicos, biológicos, ergonômicos, acidentes e psicossociais.

Pela primeira vez, um governo estadual elabora a Cartilha do Trabalhador, na qual são descritos riscos e perigos para a saúde, acidentes, doenças relacionadas ao trabalho e o que fazer diante dessas situações.

CONSCIENTIZAÇÃO É FUNDAMENTAL

Equipe técnica com 19 profissionais, coordenados pela gerente do Cerest, enfermeira do Trabalho Ana Flora Camargo Gerhardt, fez avançar a Política Estadual de Saúde do Trabalhador em Rondônia. “É da mais alta importância a atenção integral à saúde dos trabalhadores no Estado, de forma integrada com outras instituições públicas e a sociedade civil”, comentou a gerente.

Diretora do Cerest

Médica Lúcia Helena coordena o Semest

Nem todos, porém, têm consciência dos seus direitos ou sabe a quem se dirigir para identificar doenças.  Em parceria com a Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa), Laboratório Central (Lacen) e a Casa Militar do governo estadual, a equipe do Cerest constatou essa situação em Ji-Paraná, a 367 quilômetros de Porto Velho, durante a 4ª Feira Rondônia Rural Show.

Na ocasião, a equipe aplicou testes de brucelose humana, pois, segundo Ana Gerhardt, há diversos casos no Estado. Apoiada também pela Regional de Saúde de Ji-Paraná, a equipe recebeu trabalhadores no estande 31, orientou-os, entregou-lhes farto material educativo e também distribuiu em outros estandes. “A reação foi ótima”, disse Ana.

A brucelose é causada por bactérias (germes) denominadas Brucella, que infectam ovelhas, cabras, bois e porcos, mas também podem ocorrer em cachorros, veados, búfalos e no ser humano.

O Cerest começa a mapeá-la e uma tese de pós-doutorado deverá esclarecer a transmissão da doença pelo ato sexual. Em Ariquemes, a equipe transportou um paciente de casa para a consulta médica, indicando-lhe o tratamento.

Gripe, calafrios, suores, dores de cabeça, musculares e nas juntas, fraqueza física e fadiga são alguns dos sintomas da brucelose. “Ela se manifesta a qualquer momento, entre cinco e 60 dias após a exposição à bactéria, mas a maioria das pessoas começa a exibir sintomas entre três e quatro semanas depois da exposição”, explicou a auxiliar de enfermagem Máglice Veloso.

DERMATOSES, ALERGIAS E CERATOSES

Com quatro médicos, o Serviço Especializado de Saúde de Medicina e Engenharia do Trabalho (Sesmet) oferece apoio técnico à Secretaria Estadual da Saúde (Sesau), mobilizando engenheiros, enfermeiros, técnicos de segurança e de enfermagem. “O grupo dividido em atividades nas regiões Norte e Sul de Porto Velho apoia diretamente o servidor público em diferentes unidades de atendimento”, informou a médica coordenadora Lúcia Helena Pereira Altomar.

Médica Ana Gerhardt coordena a equipe do Cerest

Ana Gerhardt coordena a equipe do Cerest

O Programa de Vigilância de Agravos da Pele Relacionados ao Trabalho (Vigipele), por exemplo, atende aos trabalhadores expostos aos agravos da pele.

“A identificação e notificação de dermatose deverá ser constante”, previu Lúcia Altomar, informando que o Sesmet receberá brevemente baterias do teste de contato e o dermatoscópio, ambos destinados ao uso por médicos estaduais e municipais para firmar diagnósticos. E conta com clínicos gerais para atender ao encaminhamento de casos diversos. “Nossa equipe multidisciplinar também faz o acolhimento do trabalhador encaminhado por sindicatos”, frisou.

Rondônia também tem grande ocorrência de ceratose actínica (queratose solar e queratose senil), lesão pré-maligna que se se multiplica com escamas secas, aderentes, duras ou ásperas. Ela está incluída entre as dermatoses pré-malignas que podem, eventualmente, se transformar em câncer de pele em pessoas com a face, couro cabeludo, braços e dorso das mãos expostos ao sol.

Orientadas pelo Cerest, alunas de enfermagem da Faculdade São Lucas pesquisam atualmente casos de Distúrbios Osteomoleculares Relacionados ao Trabalho (Dort) entre professores da Escola Estadual João Bento da Costa, no Jardim Eldorado, zona Sul da capital. Na conclusão do trabalho, a equipe irá elaborar uma cartilha para tirar dúvidas e relacionar direitos do trabalhador.

Em geral, estudantes de enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia e medicina das Faculdades São Luiz e Fimca e da Universidade Federal de Rondônia (Unir) estudam agravos ou doenças de notificação compulsória relacionadas ao trabalho.

Entre as principais alinham-se:
● Acidentes fatais (com morte), com mutilações;
● Acidentes com crianças e adolescentes;
● Exposição da material biológico;
● Dermatoses ocupacionais;
● Intoxicações exógenas [por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais pesados]
● Lesões por Esforços Repetitivos (LER);
● Pneumonioses [doenças pulmonares causadas pela inalação de poeira nos pulmões e reação tissular à presença dessas poeiras, presentes no ambiente de trabalho];
 Perda auditiva induzida por ruído ocupacional; transtornos mentais; câncer relacionado ao trabalho;
● Distúrbios Osteomoleculares Relacionados ao Trabalho (Dort).


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Fonte
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Ésio Mendes
Secom - Governo de Rondônia

Categorias
Assistência Social, Capacitação, Distritos, Ecologia, Educação, Governo, Inclusão Social, Infraestrutura, Legislação, Meio Ambiente, Previdência, Rondônia, Saúde, Segurança, Serviço, Servidores, Sociedade, Solidariedade, Tecnologia, Trânsito, Transporte


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