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INSTITUTO ABAITARÁ

Horticultura dá certo se tiver água suficiente

15 de dezembro de 2014 | Governo do Estado de Rondônia

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Apesar do insucesso inicial, Débora persiste

A aluna Débora da Silva Sfalcini, de 21 anos, elaborou o próprio projeto de horticultura em área do Instituto Abaitará, em Pimenta Bueno. Apoiada por um extensionista da Emater, ela conseguiu a liberação de financiamento no valor de R$ 2,5 mil do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

Devido à falta d’água na chácara, perdeu a maior parte da alface semeada. Com a ajuda do marido Marcelo Pereira de Assis, pagou a dívida em duas parcelas de R$ 900, sobrando apenas a carreta reboque e outros equipamentos menores. Contudo, ela não pensa em desistir porque o primeiro experimento deu errado. Além de ser uma das alunas que mais participa de seminários e visitas a projetos autossustentáveis.

Um dos projetos que conheceu foi o Reflorestamento. Econômico Consorciado Adensado (Recca), na região da divisa de Rondônia com o Acre e que exporta para o Japão matéria-prima usada no  fabrico de chocolate e licor de açaí,  abacaxi e outros produtos para outras regiões brasileiras e do mundo.

Débora já foi aprovada nas disciplinas de agroecologia, planejamento estratégico para elaboração de projetos, criações, estudo do solo e agricultura familiar. Como atividade extraclasse participou de um curso sobre Empreendedorismo Rural, e se prepara para concluir o de técnico em agroecologia no final de 2015.

Grávida e esperando o nascimento do filho homem antes do final de 2015, e pelo fato das aulas passarem para tempo integral, está se “organizando” junto com o marido para não interromper os estudos. “Ele vai ajudar nos primeiros dias, eu sairei nos intervalos para amamentar e se for necessário daremos um jeito para pagar uma pessoa que ajude a cuidar”.

Débora explicou também que começa em janeiro próximo 50 horas de estágio, 15 delas na própria comunidade, quando pretende difundir ainda mais os conhecimentos sobre a produção de alimentos sem uso de defensivos agrícolas. Não tinha perspectiva para fazer um curso técnico até ouvir a notícia de que o instituto fora reaberto e “aí peguei a oportunidade que passou na minha porta. Não sei o que seria de mim sem o instituto Abaitará”.

Segundo Débora, a reabertura do instituto contribuiu também para a valorização das propriedades no assentamento, que eram vendidas abaixo preço. Agora, uma propriedade com dois alqueires e uma casa de madeira simples custa cerca de R$ 20 mil.

Aglomerados subnormais

O censo agropecuário 2010 do IBGE indica que 12.605 pessoas moram em domicílios particulares subnormais nas 25 áreas classificadas no Estado. Na comparação da posse de bens dos habitantes desses aglomerados – assentamentos, favelas, brejos e ocupações de áreas de risco – e as demais áreas dos municípios – a maioria tem geladeira e televisão, com pequenas diferenças entre os dois tipos de áreas.

Na época, os proprietários de motocicleta constituíam 11,3% nas demais áreas e 10,3% nos aglomerados subnormais. Havia evidências de um peso maior desta modalidade de transporte particular nos aglomerados subnormais, já que os valores para automóvel particular são diferentes. Em 2010 eram 17,8% nos aglomerados subnormais e 48,1% nas outras faixas.

As desigualdades persistem ainda quanto a outros bens de consumo. Por exemplo, na posse de máquina de lavar roupa (41,4% nos aglomerados e 66,7% nas demais áreas), computador (27,8% e 55,6%, respectivamente) e computador com acesso à internet (20,2% e 48,0%), onde as diferenças percentuais são significativas.

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Humberto Conde: “Jovens se interessam mais pela formação técnica”

O engenheiro agrônomo Genaldo de Almeida Junior, do Escritório Regional da Emater de Pimenta Bueno, e coordenador do projeto de bovinocultura no Instituto Abaitará, defende a expansão da agroindústria familiar como alternativa para criar renda no campo e conter o êxodo rural.

Chama a atenção para as chamadas “luzes da cidade” – roupas de grife, jogos eletrônicos, bares, boates, shopping movimentados, e os modernos aparelhos celulares para acesso às redes sociais –  fatores responsáveis pela atração dos jovens para a cidade e o consequente aumento do êxodo rural, causando o envelhecimento do campo onde só permanecem os produtores com média de idade superior a 50 anos de idade.

Sem renda no campo, onde a maioria contribui para o sustento da família sem remuneração, os adolescentes mudam para a cidade, ingressam no mercado informal de trabalho ou aceitam a oferta de subempregos em lanchonetes e supermercados.

Passam a estudar à noite ou abandonam a escola como vem acontecendo principalmente em Cacoal e Espigão do Oeste, dois dos cinco municípios da jurisdição do Escritório Regional da Emater.

O supervisor e engenheiro agrônomo da Emater, Humberto Conde Peres, é mais otimista. Há evidências do crescimento das agroindústrias familiares no campo e a expectativa de redução do êxodo rural nos próximos anos. “Os jovens começam a se interessar também pela formação técnica”, justificou.


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Fonte
Texto: Abdoral Cardoso
Fotos: Daiane Mendonça
Secom - Governo de Rondônia

Categorias
Agricultura, Agropecuária, Água, Capacitação, Economia, Educação, Empresas, Inclusão Social, Infraestrutura, Meio Ambiente, Rondônia, Tecnologia


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