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28/03/2024

RESSOCIALIZAÇÃO

Mais de 3 mil presos já foram atendidos pela Associação Cultural e de Desenvolvimento do Apenado e Egresso de Rondônia

07 de maio de 2019 | Governo do Estado de Rondônia

 

Na oficina de cerâmica são produzidos vasos e utensílios

 

Há 26 anos trabalhando com a ressocialização de apenados do Sistema Prisional de Rondônia, a Associação Cultural e de Desenvolvimento do Apenado e Egresso (Acuda) desenvolve várias atividades com os presos do regime fechado dos presídios Vale do Guaporé, Ênio Pinheiro, e penitenciária Aruana.

São 100 reeducandos que participam das atividades, que vão desde cursos à fabricação de produtos para venda, como tapetes romanos e chilenos, peças em madeira (mesas, cadeiras, bancos e outros utensílios) e cerâmica, artes plásticas e esculturas, além de serviços como a oficina mecânica de veículos leves, funilaria e pintura, cursos de informática, música, corte e costura, crochê, lavanderia, salão de corte de cabelo, e ainda recebem atendimento odontológico, psicológico e terapêutico.

Técnica do Cone-Chinês sendo aplicada em um dos reeducandos

Segundo o diretor geral da Acuda, Rogério Araújo, o maior apoio financeiro recebido pela Acuda se dá por convênio com o Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual de Justiça (Sejus), e a matéria prima utilizada pelo projeto, como cola, verniz, selador, linha, barbante, cordas, parafusos, lixa, e outros materiais, é doada pela Vara de Execuções de Penas e Medidas Alternativas (Vepema), contando também com o apoio do Conselho da Comunidade, da Vara de Execuções Penais (VEP), Ministério Público, e do grupo de voluntários que aplica o processo terapêuticos aos envolvidos.

“Toda a produção deles é exposta para venda na loja [anexa à Acuda, na Estrada da Penal, próxima ao complexo penitenciário do Estado], em feiras e exposições, e estaremos inclusive participando da Rondônia Rural Show, em Ji-Paraná, no estande da Sejus e expondo nossos produtos no local”, conta o diretor.

Cerca de 20% do lucro da venda dos produtos volta para o projeto, para manutenção logística, e o que resta é dividido entre os apenados envolvidos por dia comparecido no projeto. “O lucro gera em torno de R$ 100 mensais para cada um, de acordo com os dias presentes”.

Os preços dos produtos fabricados e oferecidos na instituição são diferenciados e estão abertos à população. Um jogo de mesa e cadeiras de madeira, por exemplo, custa R$ 250, enquanto fora do local pode chegar até R$ 400. O serviço de alinhamento e balanceamento de um veículo leve feito na oficina do local custa R$ 40, enquanto fora da instituição a média de preço é de R$ 80. Há quase um mês, mais uma turma com 10 alunos participa do curso de mecânica, com aulas teóricas pela manhã, e práticas à tarde. A duração é de três a seis meses e os que se formarem poderão utilizar o conhecimento não só no projeto, como quando voltarem ao convívio social em liberdade.

TRATAMENTO FÍSICO E ESPIRITUAL

 

O escalda pés antecede à massagem realizada na clínica

 

Rogério Araújo enfatiza que as atividades terapêuticos fazem parte dos pilares do projeto Acuda, que é fundamentando em cinco quesitos: educação, vínculos afetivos, espiritualidade, terapêutico, e assistência. “Pela parte da manhã são desenvolvidas as terapias divididas em dois espaços, que são o salão e a clínica terapêutica, trabalhando meditação, massoterapia, Cone-chinês, Yoga, Reike, Cromoterapia, Bio dança, auriculoterapia, rodas de conversas, dança circular, cultos religiosos, Brahma Kumaris, escalda pés, banho de argila, encontros familiares, Gestalt terapia, psicoterapia, constelação familiar, eneagrama, e outras”, pontua.

De segunda a sexta-feira as atividades são intercaladas, das 7h30 às 17h30. Cada sexta do mês é destinada a uma atividade religiosa. Caso sejam flagrados com drogas, armas, celulares, ou cometam alguma agressão física, os apenados são excluídos do projeto. “O tempo de permanência no projeto varia, desde que o apenado esteja de acordo com a instituição”, esclarece Rogério. Já passou pela Acuda o total de 3.226 presos, e já há dois anos nenhuma fuga é registrada.

Rogério diz que os alimentos são doados pelo Projeto Mesa Brasil, que sempre entrega a comida para preparo no local, sendo servida diariamente no almoço para os apenados.

ATENDIMENTOS 

Alzimar é mais velho da turma, há oito anos no projeto

Além do atendimento psicológico, os envolvidos no projeto tem a oportunidade de serem atendidos sempre que necessário pelo consultório odontológico instalado na Acuda, mas que também atende todas as unidades que não oferecem o serviço, que são a Aruana, o 470, Vale do Guaporé, Capep e Penitenciária Feminina, e ainda os adolescentes de todo o sistema socioeducativo durante as tardes. O consultório existe graças ao convênio entre a instituição e o Estado, sendo dever da Saúde estadual repassar os medicamentos de média e alta complexidade, e os materiais e medicamentos de baixa complexidade devem ser repassados pelo Município.

Para o reeducando Aldo José, 42 anos, o atendimento é muito importante. “Eu estava com dor e rapidamente pude ser atendido para resolver o problema”. Há 16 anos no regime fechado, ele diz que a Acuda é onde consegue cumprir a pena com mais dignidade. “Aqui a gente tem as atividades para ocupar a mente, não ficar só lá trancado pensando besteira, e terei a oportunidade de sair do sistema com a cabeça erguida”, completou.

O cozinheiro Alzimar Dantas, 34 anos, cumpre 13 anos no regime fechado, e diz que já passou por várias atividades, sendo o mais antigo dos participantes, há oito anos envolvido no projeto. “Já trabalhei na granja, na horta, na estufa, na atividade terapêutico e hoje sou também chefe de pátio. Antes de ser preso já fui açougueiro e chapeiro. Nunca vendi drogas, nunca roubei, e sempre trabalhei, mas a minha mente era criminosa, porque eu gostava matar. Se estivesse na rua já teria matado mais de 30 pessoas. A prisão e ter conhecido a Acuda foi um livramento”, afirma.

Alzimar diz que as terapias o ajudaram a mudar. “Eu sinto mudança em mim e em muitos colegas aqui. Ontem mesmo passei o dia chorando, pensando em quem eu era, em tudo que fiz de ruim, e quem sou atualmente. Tudo é um processo, e estar aqui faz com que eu perceba essa mudança em mim”.

O tapete chileno é uma das técnicas aplicadas

CLÍNICA TERAPÊUTICA

Quem aplica as técnicas terapêuticas na clínica instalada na Acuda são os próprio apenados que já foram treinados e formados para a prática. Outros reeducandos que se interessam pelo processo de tratamento passam pela clínica, sendo oferecido para eles o horário matutino para receberem as técnicas.

O serviço também é aberto e gratuito para a comunidade, todas as tardes de segunda a sexta. A sessão pode ser marcada pelo telefone 3219-1202. São oferecidas a auriculoterapia, reike cromoterapia, escalda pés e reflexologia, e o cone-chinês. A loja fica aberta em horário comercial e os produtos podem ser adquiridos no local.

 

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Fonte
Texto: Vanessa Farias
Fotos: Frank Néry
Secom - Governo de Rondônia

Categorias
Capacitação, Convênios, Cultura, Cursos, Educação, Governo, Inclusão Social, Justiça, Rondônia, Saúde, Segurança, Serviço


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